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Friday, March 09, 2007

Televisão, um milhão e pipoca

Calvin e eu costumamos refletir bastante sobre o mundo. Sempre pensamos, avaliamos, analisamos e chegamos a conclusões maravilhosas sobre a Vida, o Universo e Tudo Mais. Geralmente também acabamos comemorando nossas descobertas fantásticas com um delicioso sanduíche de atum, mas isso não vem ao caso.

Outro dia mesmo divagamos sobre esses assuntos miúdos da vida. Enquanto esperávamos um daqueles filmes de violência desregrada e dinossauros mutantes de duas cabeças, zapeávamos pelos canais intensamente. Foi então que um grupo de pessoas alcoolizadas e semi-nuas dominaram a tela, discutindo qualquer coisa com muita raiva.

Logo imaginamos que era um daqueles programas que o Calvin é proibido de assistir e então logo continuamos assistindo. Mas não demorou muito pra notar que era só um daqueles programinhas de terceira sem nenhum mutante ou pancadaria real.

- Hobbes, eu não entendo esse programa. Não tem graça alguma e mamãe disse que tem uma audiência danada.

- Ah, Calvin, eu também não sei bem. Talvez as pessoas gostem de ver como as relações pessoais ficam diante do convívio intenso e da competição acirrada. Tipo um labirinto de ratos humano, sabe?

- Qual o sentido em dar um milhão para uma pessoa ficar sem fazer nada por três meses? Eu fico ocioso durante as férias inteiras e não recebo um centavo pra isso! Mamãe até reclama!

- Eu acho que eles estão meio que se vendendo, Calvin. Dando a sua intimidade e dignidade em troca de fama e, talvez, um milhão. É quase um contrato: me faça famoso que eu abro mão de todos meus direitos.

- Mas mamãe se mete na minha intimidade toda hora e o máximo que ganho é aquela comida melequenta e roupas.

- Bom, o mundo é um lugar estranho mesmo.

- E injusto, Hobbes. Não acredito que esses...Opa! Começou nosso filme.

- Passa a pipoca aí.

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